Após vários exames, o médico informou a Pablo, chefe do Departamento de Gestão de Pessoas do Ministério das Cidades, que seu problema requer uma cirurgia seguida por um longo período de pós-operatório. Pablo não quer fazer a cirurgia, porque acredita que este não é um bom momento para se afastar do Ministério, uma vez que o setor está passando por um processo de implementação de um novo software. Além disso, o chefe está preocupado com os relatórios publicados mensalmente, que não podem ser adiados porque outros setores dependem deles. No entanto, a cirurgia não pode ser adiada e, assim, o chefe deve se afastar do cargo por um tempo.
A equipe de Gestão de Pessoas do Ministério das Cidades, é composta por profissionais experientes, mesmo Gabriel, o último a entrar na seção, já se relaciona bem com os companheiros. Além disso, Pablo confia plenamente em Fabíola, a funcionária que assumirá a liderança durante sua ausência. Embora ela nunca tenha assumido tal responsabilidade, demonstrou ter competência técnica, comportamental e capacidade de gerenciar eventuais problemas, já que é a mais antiga funcionária do setor e a única que possui mestrado.
Na posição de chefia, Fabíola recebe o desafio de assumir a implementação do novo software, bem como gerenciar as mudanças que esse novo sistema ocasionará. Além disso, a seção ainda deve realizar suas atividades rotineiras e Fabíola deve auxiliar seus colegas nessas atividades. Com tudo que está ocorrendo no departamento, a elaboração dos relatórios mensais se torna mais demorada, devido a queda de produtividade do setor que ocorreu com a mudança do banco de dados, visto que a fase de adaptação ao novo software está gerando dúvidas operacionais e algumas dificuldades técnicas de configuração.
Fabíola é uma jovem negra muito atraente, competente e simpática com a equipe, sendo a servidora com mais experiência na seção. Já Gabriel é o membro mais recente da equipe e também o mais brincalhão, sempre contando piadas e criando apelidos para os colegas de trabalho. Foi ele o responsável por apelidar Fabíola de “mulata” durante as pausas para o “cafezinho” com seus outros colegas.
Para que os relatórios fiquem prontos a tempo, Fabíola convoca uma reunião com o setor e afirma que há a necessidade de aumentar a carga horária de trabalho dos funcionários momentaneamente. Ela sugere que os servidores alternam quem vai precisar ficar com ela até mais tarde trabalhando. No entanto, Gabriel se voluntaria para assumir essa responsabilidade juntamente com a chefe substituta, pois não tinha compromissos no momento e tinha facilidade de lidar com o novo sistema implementado.
Durante esse período de trabalho, Gabriel esteve sempre atento aos comentários que a chefe fazia sobre seus gostos pessoais. Assim, ele começou a trazer lanches e doces para a seção e pequenos agrados para a sua chefe, sempre recebendo elogios da equipe e de Fabíola. Sabendo que Fabíola é uma grande fã de jazz, Gabriel gravou uma playlist no Spotify para ela com todas as suas músicas favoritas. Além disso, após ficar sabendo que um dos artistas favoritos de sua chefe estaria na cidade, Gabriel conseguiu ingressos para o concerto depois de muito esforço.
Fabíola aceitou o convite do colega e foram apreciar o show juntos. No outro dia de trabalho, a notícia que era comentada nos corredores era de que Gabriel e a chefe Fabíola estavam tendo um caso. Fabíola se chateia com os boatos e nega para a equipe, qualquer tipo de envolvimento afetivo com seu funcionário. Segundo ela, são apenas bons amigos. Em contrapartida, Gabriel confirma, diante da seção que está tendo um relacionamento com a chefe e que ela prefere ser discreta.
Fabíola começa a ficar irritada com a falta de profissionalismo do colega e passa a evitar momentos de conversas informais quando Gabriel está presente, tratando com ele apenas sobre assuntos profissionais. A postura de Gabriel é contrária, já que ele continua com agrados e investidas para com a chefe. Durante a noite de fechamento dos relatórios, quando os dois estavam trabalhando sozinhos, Gabriel não se controla e começa a manusear seu instrumento sexual praticando ato de masturbação e passa a mão em Fabíola, que fica em estado de choque sem entender o que estava acontecendo. Gabriel, em seguida, ejaculou na perna de Fabíola.
Assim que percebeu, Fabíola começou a gritar com o rapaz, que entra na defensiva afirmando que a chefe provocou aquela situação toda, ao ser simpática, prestativa e ficar todas as noites sozinha com Gabriel no escritório. Gabriel alega que toda e equipe já percebeu que há uma relação entre eles. Fabíola se desespera e sai correndo do Ministério aos prantos. Ao decorrer dos dias, Fabíola se vê em uma situação muito difícil, um turbilhão de sentimentos que fazem com que a moça comece a se reclusar. Desde então, Fabíola mudou bastante, estava traumatizada por conta do ataque por parte do colega de trabalho, sentia medo e vergonha em diversas situações do seu dia a dia.
Maria, a funcionária mais próxima de Fabíola no setor, volta de licença e percebe as mudanças no comportamento e humor da amiga, que afirma estar passando por problemas pessoais. Depois de pensar bastante, a chefe substituta resolve partilhar os acontecimentos com a amiga, falando sobre o ocorrido, e como ela estava se sentindo.
Ao perceber o teor da situação, Maria se indigna e encoraja a amiga a tomar as providências cabíveis, denunciar o rapaz. Fabíola contata Pablo e expõe o caso, esperando que ele a ajude. Porém, Pablo se mostra indiferente e faz pouco caso da situação. Assim, Fabíola se encoraja de vez e denuncia Gabriel por Estupro.
Os trâmites do processo se iniciam e o Juiz se depara com este complexo problema. Afinal, esse caso pode ser considerado como estupro? Não há consenso entre os juristas se o ato de ejaculação é uma violência e nem se houve constrangimento, portanto o juiz deve tomar a decisão de julgar o caso como contravenção penal, como estupro ou dar outra sentença.
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